Professora busca(va) resgate do Morro do Fortunato.

A rica história da região conta com um amplo aspecto de acontecimentos importantes, muitas vezes pouco conhecido. Na linda região do Macacú há um quilombo com uma história muito diferente dos outros quilombos do Brasil. Foi o que percebeu  a professora Jucimere Lopes, que faz um excelente trabalho de educação de jovens e adultos na região. Com energia subiu a montanha e nos contou o que viu. Acompanhe o reportagem resgate histórico da professora nas linhas abaixo. Foto: Vó Chica do Morro do Fortunato.

 Local isolado, formado por escravos negros fugidos... Esta talvez seja a primeira idéia que vem à mente quando se pensa em quilombo. Se pedirem um exemplo, o Quilombo de Palmares, com seu herói Zumbi será certamente a referência mais imediata. Por isso o espanto quando se fala sobre comunidades quilombolas presentes e atuantes nos dias de hoje, passados mais de cem anos do fim do sistema escravocrata. Assim é o morro do Fortunato, localizado no MACACU.

Conversando com a senhorinha mais antiga do morro,com seus 90 anos,alimenta- se somente de frutas, peixe ,pirão, não come carne,tem uma saúde invejável. D. Francisca, mais conhecida como Vó Chica ,respeitada e amada por todos do morro. Contou que seu avô era chamado Fortunato Justino e era branco vindo segundo ela não se sabe da onde, se encantou por sua vó,uma mulata que morava em Areias do Macacú, ele apossando as terras do morro, plantava café e banana, mais tarde se juntou com outro senhor do centro e abriram a estrada.

Ela relata que naquele tempo apareceram escondidas nos cafezais escravas fugidas de uma revolta, onde os maridos ficavam e elas se refugiavam no morro,com seus filhos pequenos. Dona Chica conta que era dado água com brasa para elas para acalmar( risos).

Entre um relato e outro D. Chica se emociona, por vezes para, chora e ri, lembranças que vem na sua cabeça de um tempo muito difícil segundo ela. D. Chica mora em uma casa que algumas familias ganharam por ser quilombolas, as terras não podem ser vendidas e eles recebem cestas básicas.

 Existem 40 famílias no morro e um centro multiuso, que funciona como posto de saúde, escola, salão e até velório. A comunidade gostaria de melhorias, a principal  é o posto de saúde, por que tem que se locomoverem até o Posto de Areias de Macacú as vezes. Questionam também a falta do supletivo e do programa de alfabetização de adultos que tinha 8 alunos.

Os pequenos estudam na Escola do Macacú onde descem a pé pois o ônibus só leva na volta . O clube de mães se reúne todas as quartas feiras onde elas pintam, bordam e costuram. A prefeitura dá linhas e panos e elas vendem pela comunidade mesmo. O centro multiuso também é usado para a fabricação de doces e bolachas que elas vendem no centro, e nas festas.            

Nota triste: A professora que escreveu esta matéria está deixando a alfabetização de jovens e adultos. Ficou desistimulada, após vários boicotes ao seu trabalho pelos "políticos" que levam a educação local, um dos motivos foi que ela levou os alunos ao Museu por conta própria, quando lhe negaram o transporte.  

Foto: Professora Jucimere durante a pesquisa da matéria.