Ana Luisa Winterle é condutora ambiental formada pelo IFSC, Domingo passado junto com outros condutores, foi fazer a trilha da Pedra Branca na Encantada. Durante a trilha, Ana Luisa e Jean Pierre Vasconcelos, condutores ambientais de Garopaba, plantaram mudas nativas,como de costume, projeto carbono social em rede, compensando o impacto da caminhada. O que viu foi a devastação da área e escreveu o texto que segue:
Descaso com a natureza e com o patrimônio natural de Garopaba aflora na Encantada.
Neste domingo, ao subir com amigos pela trilha da Pedra Branca, logo que passa a serraria, nos deparamos com uma cena de horror. Ali, bem diante de nossos olhos vimos uma devastação sem precedentes naquela região de nossa Garopaba. A terra foi revolvida, pedras enormes foram retiradas e empilhadas próximo ao local e árvores, muitas árvores foram cortadas sem nenhum escrúpulo. Marcas de pneus de tratores deram lugar ao que antes era verde. Paramos por um momento, completamente atônitos, pois alguns de nós havia estado neste mesmo local há poucos dias atrás, talvez 30, 60 dias, não mais que isso e com grande pesar em nossos corações pudemos comprovar o que na verdade todos já sabemos....o homem leva muito pouco tempo para destruir o que a natureza constrói em anos.
Muitas árvores foram cortadas e por onde segue o rastro de devastação percebemos que muitas delas foram jogadas ali mesmo, no leito das águas da Encantada que descem do morro, atravessam a SC 434 e vão formar o manancial da nossa linda lagoa. O crime é tão grande que as pessoas que cortaram todas estas árvores e que retiraram as pedras que margeavam a corredeira da lagoa sequer se preocuparam com o fato de estar alterando o leito natural da mesma.
O choque inicial foi tão grande ao vermos todo aquele cenário de destruição para a construção de uma casa que ficará praticamente em cima do leito da lagoa, que não conseguimos pensar melhor naquele momento. Não é possível acreditar que o Poder Público em algum momento tenha dado autorização para que tal crime fosse cometido.
É tudo tão chocante que não conseguimos acreditar que estas pessoas atuaram devidamente autorizadas pelo poder público. Como pode alguém acreditar-se dono de uma área de terra dentro da mata e tão próxima a uma corredeira? Resta então uma dúvida: até quando eventos deste tipo vão seguir acontecendo sem que ninguém seja punido ou responsabilizado? Até quando as Prefeituras vão seguir sendo omissas neste tipo de ocupação irregular de áreas que deveriam ser preservadas e que além de degradarem o meio ambiente ainda representam um sério risco para estas pessoas que ali constroem suas moradias.
Algo de urgente necessita ser feito, pois depois da primeira casa, outras tantas virão e então a mata e a nascente da lagoa da Encantada já estão fatalmente comprometidas.
Ana Luisa Winterle.
