Os Poemas de Daniel Lobo, inspirado em Garopaba (Gamboa)

Você talvez o conheça como o Pedrinho do Sítio do Pica-Pau Amarelo, mas o multi-artista  Daniel Lobo é muito mais do que isso.

 

Ator, autor, diretor, produtor, poeta inquieto, ele ganhou o prêmio de “Melhor Diretor de 2012” do “Aplauso” pelo voto popular, com o Espetáculo Nise da Silveira (realmente um espetáculo belíssimo).

 

Após este acontecimento ele veio para Garopaba (Gamboa), re-inspirar-se para nova fase de vida. Desse contato nasceram os poemas abaixo que farão parte de seu novo espetáculo, e que agora ele publica aqui no Garopaba Jornal.

 

Gratidão Daniel, sua inspiração Gamboada, nos inspira também.

 

 

EU NASCI

''Eu Nasci
Sou o fruto da terra
Aqui estou para cumprir a sina de Ser
E não fazer
De sorver
E não engolir
De celebrar
E não arrastar os dias e dias entre mais sombra e escravidão

Eu nasci
E sou a nova quimera
Vim romper o ciclo das eras de escuridão
Eis aqui para evoluir
Seguir na caminhada
Voar sobre as planícies em busca de luz
Revelação

Eu nasci
E divina se fez a semente quando do solo rompeu
Se fruto virei...
Frutos darei
Na terra ei de cumprir meu semear
E de nada vai adiantar dizer que do erro sou herdeiro-rei
Minha herança eu construirei com o cajado da compaixão

Da primavera nascerão flores
E com elas coroarei os que para mim deram as mãos...
Ou não
Vingança não será meu nome
Chega dessa triste sina
Minha herança eu construirei com o cajado do perdão

O mesmo que peço pelo que fiz
Com aos mãos em prece
Meu irmão...
Desde o dia em que nasci
Sou fruto de terra em que muitos pisaram
E hoje...
Carregando a espada-poesia docemente entre os dedos...
Escrevo minha história com a pena do instinto e da paixão

Eu nasci.''

DANIEL LOBO. Maio de 2013

 

VIDA

"Vida é partitura aberta. Nota que se toca uma após a outra. Como um músico que mergulha no 'vazio' e executa a melodia, solta. Sem papel ou caneta que possa eternizar a Obra. Apenas toca, nota a nota.

Vida é partitura livre. Que se improvisa e vive enquanto baila o planeta. Pés descalços que pousam na terra, enquanto se vê a chama acesa extravasar o tempo e o pavio. Apenas dança, a chama. Dança...

Vida é ar que inebria. E alimenta a chama, viva. É convite ao baile de gala do encontro com o semelhante. Vida é sopro sublime, divino. É apenas o vento que sopra na face. Apenas o vento.

Vida é lembrança de antepassados presentes. Entes queridos, pais, mães, avós, irmãos, filhos... E de amigos. Amigos próximos e distantes. Mas sempre dentro, sempre. Vida é algo que corre dentro. Sempre.

Vida é braço de rio que deságua no mar. Imenso memorial de vidas. Água de fonte cristalina, útero-mãe-origem de todas as coisas. Vida é coisa que se vive e lágrima-verso que escorre enquanto se escreve o poema.

Mas sempre dentro, sempre. Vida é algo que corre dentro. Sempre. Sempre."

DANIEL LOBO - MAIO DE 2013