Os Sambaquis de Garopaba

Foto: Detalhe do Sambaqui da Ferrugem em foto de Moisés João Lopes.

Os Sambaquis de Garopaba

 

Existem Sambaquis no mundo todo, mas o da Praia da Ferrugem em Garopaba é bem diferente dos outros, talvez o mais completo. Outro Sambaqui encontrado recentemente, por Keler Lucas, está na Palhocinha.

 

O que tem no Sambaqui da Ferrugem?

 

Oficinas líticas: Sabe aquelas marcas nas pedras negras que parecem “unhadas de dinossauro e pratos de índios”, como diziam os antigos? Pois bem, ali os sambaquianos faziam suas peças de pedra, desgastando uma pedra na outra, saiam facas, flechas, baleias, golfinhos e utensílios práticos para o dia a dia (veja as fotos abaixo).

 

Marcos Astronômicos: Lá existem pedras que foram colocadas para marcar o primeiro dia do inverno e do verão (Solstícios), datas importantes até hoje para sobrevivência humana (determinam o clima, quente ou frio, que virá, estação de frutas e peixes, etc...)

 

Piscinas Naturais: Duas piscinas de água doce, garantem conforto nos dias quentes e água para desgastar as pedras e fazer os utensílios nas Oficinas Líticas.

 

Fonte de Água Doce: No alto do monte, uma rara fonte de água doce próxima ao mar, ofertava a sobrevivência sem maiores esforços.

 

Entre Lagoa e Mar: Duas praias e uma lagoa forneciam peixes e moluscos para a alimentação. Como eram excelentes canoeiros e usavam esse meio de transporte como você usa o carro hoje, o mar e a lagoa eram as “estradas” por onde eles se deslocavam.

 

Corpos: Como quase todos os Sambaquis do mundo, os sepultamentos ritualísticos de pessoas que viveram a milhares de anos nesse paraíso, quando a oferta de peixes, camarões eram enormes e as baleias se juntavam aos montes na frente da praia. Testemunhas de um tempo único, que não volta mais. São esses ossos que com a tecnologia atual (e a que ainda virá) poderão desvendar muitas das informações que hoje não sabemos sobre suas vidas. Alguns corpos já se perderam levados por curiosos ou ainda pisoteados nas trilhas.

 

Utensílios: Muitas das peças feitas nas oficinas líticas estavam enterradas no parte de terra do monte. Mas o turismo predatório ( única política de turismo realizada nos últimos anos) e a não proteção do lugar, fez com que milhares de pessoas depredassem e levassem peças que hoje adornariam um museu na cidade. Do que restou nas casas das pessoas há pouco caso dos governantes em preservar isso. Pena, pois o turismo cultural movimenta bilhões por ano.Peças de pedra feitas nas Oficinas Líticas.

Piscina Natural dentro do Sambaqui da Ferrugem. Foto de Moisés João Lopes.

Oficina Lítica Circular. Aqui eram desgastadsa as pedras com formato mais circular tipo boleadeiras, baleias, etc...